Lá no final daquela rua morava Lidiane. Uma garota de 13 anos.
Comunicativa e galinha, paquerava todos os garotos da sua classe.
Distribuia seu telefone em papéizinhos da folha do fichário. Em casa odiava atender o telefone, que sempre era atendido pela sua mãe na cozinha. Coisas de filha revoltada. Quando era ligação, sua mãe a chamava e ela gritava: "Pode botar no gancho" e atendia no quarto. Sempre foi assim: Trrim na cozinha, Lidiane, Pode botar no gancho e um silêncio no quarto.
Até que ela repetiu 4 vezes a sétima série, e parou de estudar. Fugiu de casa e começou a trabalhar em um açougue na cidade vizinha. Fazia o que sabia fazer: Sempre que chegava as novas mortadelas Belutti, ela enchia o peito, apontava seu dedo para o balcão e gritava com aquele ar de superioridade que só ela tinha: Pode botar no gancho! Morreu anos mais tarde com uma mortadela de 5 kilos na cabeça.
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